sábado, 5 de junho de 2010

AVICULTURA DE CORTE: UM SISTEMA DE TRÊS FASES PARA UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL


NEVES, Lúcio de Araujo1; TERRA, Viviane S.S.1;GARCIA, Leonardo Costa1; FARIA, Lessandro Coll1; Luz, Maria Laura G.S.2; Luz,Carlos Alberto S.2; Pereira-Ramirez, O.2;Gomes, Mário C.2

1 Engenheiro Agrícola; 2 Professores FEA/FAEM-UFPel

lucioaneves@yahoo.com.br

vssterra@yahoo.com.br


1. INTRODUÇÃO

Os países em desenvolvimento vêm tendo a preocupação em solucionar o problema do déficit protéico na alimentação da sua população. Neste cenário surge a avicultura, dentre as atividades do setor pecuário, como aquela que apresenta características ideais para a solução rápida e eficiente de tal déficit.

Muitos estados do Brasil possuem condições excelentes para a implantação dessa atividade, destacando-se a região sul do RS. Esta atividade pode ser uma alternativa para os pequenos produtores rurais diversificarem sua produção e obterem um incremento na sua renda.

O objetivo deste trabalho é implantar um sistema de criação de frango em uma pequena propriedade, localizada em Rio Grande/RS, onde já existe produção leiteira, visando aumentar a sua rentabilidade e diversificar a sua produção através de um sistema de integração.

Para tanto, o sistema escolhido foi o STF- Sistema de Três Fases, porque proporciona uma produção de 10 lotes a mais/ano do que o sistema convencional. Nele o animal fica alojado durante o período de 14 dias, em cada fase do processo, totalmente confinado em ambiente não climatizado. Após o período de 42 dias, esse está pronto para o abate. Para iniciar a criação são necessários dois galpões com capacidade para 15 mil aves cada, com uma produtividade de 10 mil aves a cada 21 dias, totalizando 17 lotes de aves/ano.

O sistema “all in all out”, ou seja, todos dentro todos fora, em que todos os animais de mesma idade começam e terminam ao mesmo tempo, não utiliza a área construída econômica das primeiras semanas. Já o sistema STF (Sistema de Três Fases), utiliza o máximo possível à área construída; os equipamentos; os operários e o capital, pois permite fornecer o espaço necessário a cada animal de acordo com a idade dos mesmos.

Uma importante condição prévia é que cada compartimento com pintos de diferentes idades seja dividido por paredes de alvenaria e portas de madeira, e que cada compartimento tenha um sistema separado de ventilação, iluminação, comedouros e bebedouros.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Na elaboração do estudo foi efetuada uma revisão bibliográfica para reunir informações sobre temas relacionados à avicultura de corte. Ainda como metodologia da pesquisa foram realizadas visitas a campo em propriedades rurais, cooperativa, exposição agropecuária e escola agrícola.

As visitas nas propriedades rurais foram realizadas com o objetivo de observar e obter informações sobre o método de criação utilizado. Já na cooperativa buscaram-se dados sobre o sistema de integração e custo de produção. O sistema de integração fornecerá ao produtor, os animais, ração, assistência técnica e garantia de compra de toda a produção. Em exposições agropecuárias investigou-se junto às empresas produtoras de equipamentos ligados à avicultura, informações técnicas e valores dos mesmos. Ainda foi realizada uma visita em uma escola agrícola, que adota um sistema similar pretendido e proposto no então trabalho, qual seja: um sistema de três fases.

Foram realizados cálculos para se obterem quantidades exatas de equipamentos a serem utilizados no trabalho, como bebedouros, comedouros, ventiladores, lâmpadas, campânulas e depósito de ração. Com base nesses dados, foi feito um orçamento junto às empresas. Também foram realizados, balanço de massa, fluxograma das operações, levantamento do número de funcionários, projeto com desenhos, tais como, plantas baixas, situação e localização, fachadas e cortes. Foi realizada uma análise econômica utilizando o indicador Valor Presente Líquido – VPL.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando-se os estudos realizados, a estrutura adequada para abrigar o aviário é um galpão dividido em três compartimentos que ofereça às aves o espaço necessário de acordo com o crescimento e a idade dos mesmos.

Cada compartimento possui seu próprio sistema de ventilação, iluminação, água e alimentação, utilizando o máximo possível da área construída. Entre os compartimentos existem aberturas (1,20m/2,40m) que somente são usadas por ocasião da transferência dos animais de um compartimento para outro.

Este tipo de criação se divide em três fases. Na primeira os animais permanecem durante as duas primeiras semanas (primeiro dia até segunda semana), necessitando de 180 m2. Já na segunda fase, permanecem da terceira até a quarta semana, onde são necessários 252 m2. Na terceira fase, permanecem da quinta em diante, onde são necessários 372 m2. Imediatamente após a retirada dos animais de um compartimento, este é limpo e desinfetado e não deve ser usado por uma semana. Esse período ajuda a controlar as doenças e da flexibilidade ao manejo.

Um novo lote entra a cada três semanas (21 dias), assim como a cada 21 dias um lote vai para o abate.

Nesse sistema é necessário menos equipamento por kg de frango, sendo a utilização do capital (galpão e equipamento), 17 vezes em vez de 7 vezes do sistema convencional. Também é possível criar 41,17% mais frangos por ano na mesma área construída do que no método convencional (um grupo de cada vez), sendo que com 3 grupos de idades diferentes o trabalho e o consumo de alimentos é mais uniforme.

O trabalho também visa à reutilização dos dejetos como adubação para lavouras, visto que a propriedade produz anualmente grande quantidade de forragens.


4. CONCLUSÃO

Através da análise econômica, utilizando-se um indicador para avaliação econômica chamado VPL (Valor Presente Líquido), verificou-se que o mesmo foi positivo, ou seja, que o projeto é viável economicamente.

O retorno do investimento, por sua vez, se dará em dois anos e sete meses. Diante do todo exposto, ao reunir os dados da visita de campo, da revisão bibliográfica, e da análise econômica, concluiu-se que o projeto pode ser aplicado a qualquer pequena propriedade rural com as características anteriormente citadas.

5. REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES E EXPORTADORES DE FRANGOS. Disponível em: . Acesso em 27 de agosto de 2005.

ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE AVICULTURA. Disponível em: . Acesso em 2 de setembro de 2005

ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE AVICULTURA. Disponível em: . Acesso em 28 de agosto de 2005

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE AVICULTURA. Disponível em: . Acesso em 28 de agosto de 2005

AVES E OVOS. Disponível em: . Acesso em: 28 de agosto de 2005

AVICUTURA INDUSTRIAL. Disponível em: http://www.aviculturaindustrial.com.br. Acesso em: 13 de agosto de 2005.

EMBRAPA SUÍNOS E AVES. Disponível em: . Acesso em 2 de setembro de 2005.

ENGLERT,Sérgio Inácio . Avicultura: tudo sobre raças, manejo e nutrição. 7. ed. atual. Guaíba: Agropecuária, 1998. 238p.

FERREIRA, Mauro Gregory. Corte e postura. Centaurus, 1982. 118p

GSI BRASIL. Disponível em: . Aceso em 4 de setembro de 2005

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: . Acesso em 13 de agosto de 2005.

LLOBET,Jose Antonio Castello. Manual prático de avicultura. Barcelona, 1975. 208p

MALAVAZZI, Gilberto. Avicultura: manual prático. São Paulo/SP, 1977.156p.

METALÚRGICA JOAPE. Disponível em: . Acesso em 4 de setembro de 2005

SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA. Disponível em: . Acesso em 28 de agosto de 2005


Avicultura de Corte: Um sistema de três fases para uma pequena propriedade rural. Sábado, 05/06/2010.